A kombucha é uma bebida fermentada comumente não alcoólica (entretanto, pode apresentar mais de 0,5% de álcool em alguns casos). Trata-se de uma receita milenar de origem chinesa preparada tradicionalmente com infusão de Camellia sinensis (o popular chá verde), açúcares e uma cultura simbiótica de leveduras e bactérias denominada SCOBY (Symbiotic Culture of Bacteria and Yeast). Frutas (abacaxi, morango...), legumes (cenoura, beterraba...), ervas (capim limão, camomila...) e especiarias (gengibre, canela...) podem ser adicionadas com o intuito de fornecer sabor (e de quebra alguns antioxidantes, é claro!).
Como a imaginação não tem limites, a bebida pode ser também produzida com outras plantas para infusão - já vi com camomila - ainda que o mais indicado, considerando tudo que já li, seja a utilização de chá verde ou chá preto (pelo elevado teor de cafeína que contribui para fermentação). Provavelmente, os mais "puritanos da cozinha" vão dizer que se for feito com outra planta, não pode ser chamado de kombucha.
Fazem parte da composição química da bebida, nutrientes (glicose, frutose, aminoácidos, cobre, ferro, manganês, zinco, algumas vitaminas do complexo B e vitamina C), polifenóis, ácidos orgânicos (acético, glucônico, cítrico, málico...), enzimas hidrolíticas, dentre outros.
Pode ser considerada um alimento probiótico, isto é, uma fonte de microorganismos vivos benéficos à saúde (quando ingeridos em quantidade adequada). A composição de microrganismos da kombucha varia de acordo com diversos fatores, como: composição exata do SCOBY, quantidade de açúcar, concentração de compostos bioativos do chá, tempo de fermentação, temperatura, concentração de oxigênio e tempo de armazenamento. O baixo pH da bebida, devido à concentração de ácido acético, parece combater o crescimento de bactérias patogênicas (causadoras de doenças) como Helicobacter pylori, Escherichia coli, Salmonella typhimurium e Campylobacter jejuni.
Sabe-se que o consumo de alimentos probióticos - junto à outros fatores - contribui para a saúde intestinal e consequentemente prevenção de constipação, diarreia, produção excessiva de gases, distensão abdominal, carências nutricionais e exames bioquímicos alterados. Estudos em animais identificaram efeitos positivos do consumo de kombucha para os mesmos, como: melhorias na glicemia (açúcar no sangue) e no colesterol sanguíneo, redução do estressse oxidativo (xô, envelhecimento!) e perda de peso. Em humanos, ainda temos uma carência de informações na literatura científica, entretanto, parece plausível que o consumo frequente da bebida proporcione efeitos semelhantes.
Considero o consumo da bebida bem-vindo, mas não essencial, já que outros alimentos apresentam propriedades semelhantes e diversos hábitos relacionados ao estilo de vida podem beneficiar a saúde intestinal.
Abaixo, algumas dúvidas frequentes sobre a kombucha:
Qual a quantidade recomendada?
Considerando o valor calórico, a composição química, a característica probiótica e o bom senso, acredito que 1 copo (200ml)/dia seja uma boa medida. Sendo que isso pode variar de acordo com o tipo de alimentação e preferência de cada pessoa.
Qual o horário mais adequado para tomar?
Não há orientação rígida neste sentido, mas em caso de constipação, pode ser interessante tomar em jejum, ao acordar. A verdade é que ela pode combinar com o café da manhã ou pode ser servida como um drink à noite. Bem versátil!
Gestantes e crianças podem consumir?
De maneira geral, eu contraindico o consumo nestas fases. Ainda que o conteúdo de álcool na bebida seja pequeno, sabemos que há alguma quantidade.
Atenção ainda maior deve ser dada às kombuchas produzidas em casa (sem inspeção), pois não sabemos qual o teor de álcool que a fermentação alcançou.
De qualquer forma, aconselho o questionamento ao profissional de saúde que acompanha.
Para quem a bebida não é recomendada?
Para gestantes, lactantes, crianças e adolescentes até os 18 anos (pelos motivos acima), bem como para pessoas em fase aguda das doenças intestinais (como síndrome do intestino irritável, SIBO, SIFO, doença inflamatória intestinal e doença celíaca) e aqueles em situação de imunidade comprometida.
Como já disse anteriormente, antenção ainda mais especial às kombuchas produzidas no domicílio (pela ausência de controles de qualidade).
O consumo de kombucha substitui a suplementação de probióticos?
Não. A kombucha tem um caráter mais preventivo e não conseguimos mensurar exatamente quais os microorganismos presentes e suas concentrações. A suplementação tem caráter mais terapêutico e conseguimos identificar/determinar os tipos de cepas e suas concentrações. São coisas diferentes.
Espero que esse conteúdo tenha sido útil. :)
Com carinho,
Nutri Júlia
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